quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A pele que habito, filme de Almodóvar

Vi pela segunda vez o mais recente filme de Almodóvar: "A pele que habito". A partir do filme pude me perguntar sobre o que é pele, nossa pele? Pele é o que somos. Por ela transpiramos e realizamos todas as nossas trocas com o chamado mundo exterior. Nossa pele, toda pele, é, por definição, permeável ao mundo. Mas pode acontecer também de a pele virar carapaça. A carapaça nos enclausura em nós mesmos, nos retira do contato imediato com as coisas. No filme, aparece a carapaça da ciência. O transplante de pele, a pele mais resistente, a pele sem cheiro torna-se o ideal para um homem sem espírito. Tudo se passa como se fosse extraordinário tornar-mo-nos impermeáveis. Um homem impermeável pode decidir livremente todos os seus passos, pode, finalmente, fazer o que bem entende, sem se deixar influenciar por nada que o impacte "de fora". A ciência quer estar segura de sua imparcialidade. É assim que ela pode dominar e manipular objetos, mesmo que tais objetos sejam homens. Acontece que um projeto de dominação como este revela, à sua revelia, que seu maior medo é, justamente, o de ser dominado. É por medo de ser dominado que o homem de ciência se lança a dominar. Pela pele nos chegam infecções, bactérias, doenças de todo tipo, mas também nos chegam todas as nossas grandes vulnerabilidades. Ao buscarmos a imunidade contra as primeiras escondemos de nós mesmos que buscamos, na verdade, estar livres das segundas, na utopia delirante de nos tornarmos invulneráveis. O filme de Almodovar ridiculariza, de ponta a ponta, esse delírio de invulnerabilidade de uma ciência sem espírito.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ferramentas virtuais e seus usos: Youtube

Como site destinado à disponibilização e ao compartilhamento de material audiovisual, o YOUTUBE oferece excelentes oportunidades de aproximação de temas e questões trabalhados dos fóruns. Nele estão disponíveis desde vídeos caseiros e animações simples até trechos de filmes e aulas/palestras filmadas. Neste último quesito, acredito que tem havido uma preocupação crescente com a editoração desse tipo de material para fins didáticos. Pode-se publicar e arquivar esses vídeos, pesquisando-os no site, ou mesmo produzir pequenos vídeos a partir de palestra, aulas ou mesmo entrevistas. No caso da filosofia, seria excelente disponibilizar um vídeo de um filósofo em uma palestra ou entrevista, juntamente com textos e artigos introdutórios sobre sua obra. Em relação à editoração desse material, é da maior importância promover pequenas intervenções no vídeo, de modo a complementar e/ou ilustrar o que está sendo dito na palestra/aula/entrevista. Como exemplo desse tipo de editoração, cito a palestra do professor Roberto Machado para o programa café filosófico intitulada "A alegria e o trágico em Nietzsche".



Ferramentas virtuais e seus usos: Fórum

Podemos considerar que o Fórum representa a base da tutoria a distância e do próprio aprendizado colaborativo. Como ferramenta básica, ele envolve a postagem de observações e reflexões a partir de um tópico inicial, que pode ser um texto ou mesmo uma questão. As postagens feitas pelos participantes do fórum, que se dividem entre alunos e tutor(es), são datadas e ficam disponíveis para serem comentadas sempre durante certo período de tempo. As dificuldades envolvidas no uso dessa ferramenta dizem respeito, sobretudo, à qualidade da mediação exercida pelo(s) tutor(es) e à necessidade de o aluno responsabilizar-se, diretamente, pelo processo de aprendizagem. Se, por um lado, o tutor deve acompanhar e valorizar as postagens e os comentários dos alunos, estimulando o engajamento de todos e gerando um ambiente acolhedor, por outro lado, cabe aos alunos se mostrarem capazes de contribuir para as discussões com intervenções meditadas e que se pautem por aquilo que está propriamente em discussão. É fundamental também um cuidado com o tipo de linguagem utilizada, de modo a manter um traço coloquial sem descambar para o mero falatório descompromissado. Como proposta de utilização da ferramenta, penso que seria importante limitar a vigência de um fórum a no máximo duas semanas. Um período de tempo maior do que esse tende a gerar dispersão. Porém, de acordo com o envolvimento dos alunos e o ritmo das discussões esse período poderia ser prolongado pelo tutor. Penso que seria possível estabelecer um novo fórum para desdobrar ou aprofundar as discussões surgidas num fórum anterior. Além disso, a escolha dos tópicos, sejam eles textos ou questões, deve estar muito bem articulada com o objetivo maior do curso; isso facilitaria o engajamento natural dos alunos, pois, como afirmam Erlinda Martins Batista e Shirley Takeco Gobara, "O fórum por si mesmo não promove a interação. Essa só pode ser efetivada a partir da intencionalidade dos professores e alunos associada a um objetivo maior que é o alcance do conhecimento."(O fórum on-line e a interação em um curso a distância) Por sua vez, a mediação deve ser capaz de perceber e valorizar a diversidade de formação e de interesse dos alunos. Não se deve utilizar o fórum, de maneira nenhuma, para depositar atividades e sim para promover a interatividade. Isso implica em procurar limitar a extensão das postagens. Caberia ainda ao mediador zelar para que as discussões não se extraviem para a mera exposição unilateral de pontos de vista particulares, o que mais do que tudo dificulta a interatividade.Na tutoria presencial, o fórum poderia ser utilizado no sentido de potencializar as discussões já ocorridas nos encontros presenciais (ou provocar novas), de modo a poderem ser retomas no encontro seguinte.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mensagem inicial

Criei o blog COISAS VELHAS E NOVAS com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de atividades da disciplina TUTORIA que faz parte do curso de extensão em EAD com ênfase na tutoria CEDERJ. Pretendo agora dar seguimento a essa iniciativa direcionando o uso desta ferramenta para o aprofundamento das conversas em sala de aula com os alunos matriculados nas disciplinas Filosofia da ciência I e Problemas metafísicos II, ministradas por mim no presente semestre letivo na UFRRJ.