quarta-feira, 16 de maio de 2012

Assembléia e greve dos docentes na UFRRJ

Estive ontem na assembléia dos docentes convocada pela ADUR, se é que podemos chamá-la assim, e o que testemunhei foi algo extremamente preocupante. Eram cerca de oitenta professores e um grupo de cerca de cento e cinquenta estudantes, dirigidos por uma claque do DCE (leia-se PSTU). A cada manifestação de alguns poucos professores no sentido de um encaminhamento diferente daquele dado pela direção do sindicato ouviam-se vaias e manifestações desrespeitosas por parte da claque do DCE, enquanto os discursos pela greve já e contra o "governo patronal da presidente Dilma e do PT" eram efusivamente aplaudidos e ovacionados. Em suma: uma vergonha! Não houve condições mínimas para um debate sobre a oportunidade ou não da deflagração do movimento grevista, algo necessário em virtude de o acordo feito com o sindicato nacional (ANDES) no ano passado ter sido cumprido pelo governo. Ao invés disso, os discursos inflamados dos dirigentes sindicais buscaram ridicularizar um acordo que, goste-se ou não, foi assinado pela direção do sindicato, destacando perdas salarias relativas à insalubridade, o que poderia ser revisto mediante negociação da medida provisória. Por fim, o último professor a discursar na assembléia, que compunha a mesa, chegou a defender que se apenas dez professores estivessem presentes e deliberassem pela greve todos deveriam acatá-la. Um verdadeiro absurdo! Não considero legítima essa assembléia e creio que o sindicato vem ocultando o andamento das negociações com o governo sobre o plano de carreira da categoria. Por esses motivos não vou aderir a essa greve que julgo completamente despropositada, ideológica e ilegítima. Greve não é instrumento de protesto. Não se faz greve, ainda mais quando se trata de serviço público financiado por um povo sofrido como o nosso e quando se tem a estabilidade garantida por lei, "pela melhoria da Universidade pública". Greve é um caminho extremado de luta por melhoria salarial, quando foram esgotados todos os canais de negociação ou quando os acordos feitos nesse sentido não foram cumpridos. Se este era o caso já não o é mais em virtude da medida provisória assinada pela presidente Dilma. É uma vergonha que o sindicato conte com o desejo de férias de alguns professores para o sucesso desse movimento grevista que já nasceu fadado ao fracasso.

3 comentários:

  1. Depoimento de professora amanda Gurgel diz quase tudo.Resumindo o quadro da Educação no Brasil

    http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA

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  2. Sim, excelente depoimento que retrata com toda a propriedade a situação do ensino público em nossas escolas e que poderia ser estendido para a situação dos professores das instituições privadas de ensino superior. Fui professor da Unisuam e do município do Rio de Janeiro e conheço de perto o significado da precarização do ensino. Somente na Unisuam fui compelido, vamos dizer assim, a ministrar 46 horas de aula semanais para poder preservar o emprego. Esta, porém, não é, nem de longe, a situação atual dos professores das Universidades públicas deste país. Equiparar as duas situações, por mais que haja problemas que precisam ser corrigidos, é um profundo desconhecimento da realidade da educação no Brasil.

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  3. Professor Francisco,

    Leia o documento da Conif.
    http://www.conif.org.br/portal/index.php?view=article&catid=14:ultimas-noticias&id=365:progressao-conif-cobra-regulamentacao-do-mpog&format=pdf

    O governo prometeu negociar, mas não prosseguiu..

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